quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Raivas são tristezas

 Autor desconhecido

Era uma vez um peixinho chamado Brasinha. Vivia num mar distante, não muito grande, mas cheinho de peixes.

Morava com seus pais. Papai-peixe e mamãe-peixe eram bastante severos.

Não se sabe porque eles o impediam de fazer uma porção de coisas. Talvez com medo de que se machucasse ou se perdesse. Eles não lhe explicaram isso claramente, pois os pais-peixe não falam muito. Não é à toa que se diz, às vezes: “Mudo como um peixe”.

Brasinha era repreendido por nadar, brincar, fazer barulho com a boca.

Logo, passou a achar que não fazia nunca o que era preciso. Muitas vezes, se perguntava se seus pais eram mesmo “pais verdadeiros”, de tanto que os achava severos, e foi se tornando um peixinho muito triste.

Às vezes, sentia-se sobrando. Tinha medo demais, sobretudo do pai; da mãe, tinha menos, mas mesmo assim... Esse medo, escondia bem dentro dele. Nunca o confessaria a ninguém. Além do mais, falar com quem? Os outros peixes não pareciam senti-lo!

Sabem o que o Brasinha fazia quando chegava à escola? Rápido, nadava na direção dos outros peixes no pátio da escola e os mordia assim: cratch, cratch! Dava-lhes tapas nas costas com as nadadeiras e com a cauda. Jogava água em seus olhos, para que chorassem. É, os peixes também choram. A gente só não vê porque as lágrimas se misturam com a água do mar.

Todos os outros peixes ficavam espantados ao ver Brasinha morder e bater desse jeito e tinham medo dele. Era desse jeito que funcionava dentro dele: porque tinha medo do pai e um pouco de medo da mãe, então fazia medo aos outros peixinhos.

Mas, bem no fundo, ele estava triste. A raiva apenas escondia a tristeza. Se vocês soubessem como é triste a tristeza de uma criancinha-peixe! É triste de tal maneira que, às vezes, a água do mar até fica cinzenta ou preta.

Um dia, a mestra dos peixes se aproximou de Brasinha:

— Estou vendo como você bate nos outros peixinhos. Aliás, na maioria das vezes, impedi você de fazer isso. Não quero que seus colegas tenham medo de você. Tenho observado que você está sempre cheio de raiva. Em alguns dias, uma grande raiva, vermelhinha. Ontem à noite, antes de me deitar, pensei em você, refleti bastante e, então, tive uma idéia: trouxe para você uma caixa, onde poderá colocar toda a sua raiva. Todos os peixinhos vão poder colocar sua raiva nessa caixa. Quando você chegar de manhã, pode pôr a raiva na caixa e, à tarde, se você quiser, pode deixar a raiva dormir aqui na escola. Na manhã seguinte, ela estará descansada... Há outras caixas também, uma para cada sentimento.

Brasinha olhou muito espantado para a mestra. Não sabia que existiam caixas para a raiva, para o medo, para a tristeza, para o amor e para a alegria... Aliás, nem sabia que as coisas que a gente sente têm nomes...

Não disse nada, mas, no dia seguinte, chegou com uma conchinha pequenina que encontrou no caminho da escola, bem no fundo do mar.

Disse à mestra:

— Professora, eu queria colocar a minha tristeza desta manhã na caixa da raiva.

A mestra, uma sábia muito vivida, ao observar a concha, percebeu que ele expressava mais tristeza do que raiva. Ela sabia que as raivas são tristezas que não podem se expressar de outra maneira. Assim, pediu licença para colocar a conchinha dentro da caixa da tristeza.

Outras professoras das escolas de peixes também adotaram o costume de apresentar caixas para acolher os sentimentos dos alunos, para que não ficassem carregados, possuídos ou poluídos o dia inteiro, ruminando pensamentos. Acho que assim também poderia acontecer com as crianças humanas.

Por ora, assim termina a história do peixinho que carregava uma raiva tão grande que poderia engolir o mar inteirinho — de tanta tristeza que sentia.


terça-feira, 23 de agosto de 2011

É brincando que agente cresce e vive bem com o outro! Por Fabiana Vitorino

Olhando para a maneira como as jovens tem vivenciado as questões de relacionamento afetivo nos dias de hoje, fico a pensar em como se dá esse processo de transição, entre a inocência da infância e o despertar do corpo e dos desejos na adolescência e juventude. Lembro-me que há muitos anos, a brincadeira preferida das meninas era com a boneca Barbie, sua irmã Suzie e seu namorado Ken, ou Bob. Com estes personagens diversas histórias aconteciam, conflitos em família, Barbie e suas amigas, Barbie e seu eterno namorado Ken, quantas invenções criativas, e possibilidades de vivenciar papéis: a da mãe da Barbie, da própria Barbie, da irmã, do namorado, dos amigos, era como se ali fosse o laboratório que iria preparar as pequenas meninas para a vida adulta, ou pelo menos pré-adulta, em que as preocupações seriam reais, quanto ao sexo oposto, quanto ao corpo e as necessidades a serem atendidas seriam diferentes, passando o brincar a não mais ter seu espaço reservado.
Atualmente, percebo uma dificuldade em alguns jovens ao encarar um relacionamento afetivo, se antes o namoro era algo natural de acontecer, bastando para isso um primeiro beijo e uma vontade de se conhecer, hoje a moda é o ficar, o não se entregar, o não se comprometer, o não se envolver. Palavras como intimidade, respeito com o outro, conquista estão aparecendo cada vez menos nas posturas dos jovens da modernidade. Quando falo intimidade, falo em abertura, em poder ser quem é, sem medo, sem receios, compartilhar o que pensa e sente, e na mesma intensidade receber do outro também.
Percebo que parte desta problemática advém dos incentivos da mídia, que se faz através da Tv, na internet, dentre outros, para que a sexualidade seja vivida, seja nas roupas com conotação mais adulta produzida para este público-alvo, sejam os programas direcionados aos jovens, ou mesmo aos adultos, sendo que aqueles acabam por assistir, como os reality shows, que banalizam a sexualidade, o respeito pelo outro e motivam as crianças e adolescentes a anteciparem eventos de seu desenvolvimento que tem hora e lugar para acontecer.
 Isso tem contribuído para a construção de relações fugazes, e olho para o passado e percebo que as meninas que se tornam moças, dispõe de muita pouca oportunidade para aprender a construir uma relação no brincar, que as ensine o valor de estar com o outro, a cumplicidade, os desafios da vida a dois, a confiança. O treino não é mais feito como era antes, e o que entra em cena é a precocidade, na época em que poderiam estar pensando em bonecas e bonecos e sonhando com uma vida futura, já estão desejando o outro real, não estando tão preparados para a relação afetiva.
Trabalhando com crianças, entendo que a questão do brincar tem uma grande importância na vida das pessoas, é uma maneira de conhecer o que há dentro da criança, os seus sentimentos, desejos, e funciona como objeto de socialização, de preparação para a vida nos grupos, nos pares, posso treinar papéis e aprender a lidar com o outro ali mesmo...numa simples brincadeira. E se hoje tais práticas tem sido abandonadas, é uma pena observar uma juventude que cresce sem tantos referenciais para desfrutar do relacionamento maduro.
Mas acredito no poder de mudança das pessoas, e no potencial criativo e inovador dos jovens, que ao se depararem com os conflitos que permeiam seus relacionamentos, de alguma forma, encontram maneiras de sinalizar o mesmo, seja por meio de sua rebeldia, ou pela sua fala madura, mesmo num corpo em formação. Sendo assim, acredito que há possibilidades para aparar as “arestas” dessa transição infância – adolescência e devolver as crianças o valor da brincadeira, seja ela de roda, de casinha, de mãezinha da rua, de pique-pega e pique-esconde.

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

VAMOS MATAR FORMIGAS?


Extraído do livro AMEN, Daniel G. - Transforme seu cérebro, transforme sua vida. S.P.: Editora Mercúrio, 2000.

            Nossos estados mental, emocional e físico, são influenciados pelo que pensamos.
Pessoas otimistas, quando pensam em seu passado, buscam as coisas boas que aconteceram e mesmo quando lembram de algo ruim, procuram descobrir o que de bom podem retirar daquelas experiências. Quando pensam no presente, valorizam cada pequeno sucesso, cada momento bom e buscam aproveitá-los ao máximo e procuram aprender lições positivas a partir dos acontecimentos negativos. Quando pensam no futuro, imaginam coisas saudáveis, gostosas, estimulantes, bonitas, que querem que aconteçam.
Pessoas deprimidas, por outro lado, tem um pensamento desencorajador depois do outro.. Quando lembram do passado, sentem remorso, culpa e tristeza. Do presente, olham mais os aspectos que consideram negativos em sua vida e quando encontram algo bom, na maioria das vezes logo encontram uma maneira de diminuir sua importância. Quando olham para o futuro, sentem ansiedade e pessimismo, como se olhassem o futuro através do passado. Elas sofrem do que podemos chamar de pensamentos negativos automáticos. Este tipo de pensamento, que vamos chamar de formigas, parece ter vida própria. São pensamentos cínicos, obscuros, queixosos.
As Formigas podem fazer com que a pessoa fique fatalista e deprimida – “Eu sei que não vai dar certo”. Este tipo de pensamento é chamado de profecia auto-realizadora. Se ela tem este tipo de pensamento, e acredita nele, ela não vai se esforçar, se preparar, o suficiente e aí não vai dar certo mesmo. Pensamentos deste tipo fazem com que ela deixe de acreditar em si mesma, em suas capacidades e até na possibilidade de receber ajuda e amor de outras pessoas, o que a leva se isolar cada vez mais. Por outro lado, pensamentos positivas e posturas positivas ajudam-na a criar e a irradiar uma sensação de bem estar, facilitando perceber as coisas boas e os outros a se aproximarem de você.
Exemplos de pensamentos Formigas:
·         Ninguém nunca me ouve.
·         Isto não vai dar certo. Eu sei que algo de ruim vai acontecer.
·         Eu devia ter feito muito melhor. Eu sou um fracasso.
·         Fiz uma coisa ruim, agora tenho que sofrer para sempre.
·         Você não fez isto porque não gosta de mim.
·         Nada de bom acontece na minha vida.
·         Eu não mereço ser feliz.

Os pensamentos são muito importantes para deixá-los por conta própria. Você sabia que nossos pensamentos criam sinais elétricos que atravessam nosso cérebro? Eles têm propriedades físicas. Eles são reais. E influenciam cada célula de nosso corpo. Se você tem muitos pensamentos negativos isso vai causar irritabilidade, mau humor, depressão, tristeza, etc. Aprender a controlar e dirigir os pensamentos de maneira positiva é um dos elementos mais eficientes para se sentir melhor.

Então, vamos matar as formigas, não é mesmo?! Abaixo estão instruções sobre como fazer.

PASSO 1

Perceba como seus pensamentos são reais:
·         Você tem um pensamento.
·         Seu cérebro libera agentes químicos.
·         Uma transmissão elétrica atravessa seu cérebro.
·         Você se torna consciente do que está pensando.
·         Você reage a esse pensamento.

PASSO 2

Observe como os pensamentos negativos afetam seu corpo.
            Toda vez que você tem um pensamento bravo ou triste, seu cérebro libera agentes químicos que fazem seu corpo se sentir mal. Pense na última vez em que esteve zangado. Como sentia que seu corpo estava? Estava tenso, com o coração disparado, as mãos suadas e um pouco tonto? A maioria das pessoas se sentem assim.

PASSO3

Observe como os pensamentos positivos afetam seu corpo.
            Toda vez que você tem um bom pensamento, um pensamento feliz, um pensamento esperançoso, ou um pensamento gentil, seu cérebro libera agentes químicos que fazem seu corpo se sentir bem. Pense na última vez em que teve um pensamento feliz. Como sentia que seu corpo estava? A maioria das pessoas, quando se sentem feliz, seus músculos se relaxam, seus corações batem mais lentamente, suas mãos ficam secas e elas respiram lentamente. Seu corpo também reage a seus bons pensamentos.

PASSO 4

Observe como seu corpo reage a cada pensamento que você tem.
            Cada pensamento que você tem, produz uma reação em seu corpo, mesmo que quase imperceptível.

PASSO 5

Considere os maus pensamentos como poluição.
            Os pensamentos podem fazer sua mente e seu corpo ficar bem, ou podem fazer com que você se sinta mal. Cada célula do seu corpo é afetada por todos os pensamentos que você tem. É por isso que quando as pessoas estão muito abaladas emocionalmente, freqüentemente desenvolvem sintomas físicos como dores de cabeça ou de estômago. Um pensamento negativo é como uma poluição no seu organismo.

PASSO 6

Entenda que seus pensamentos automáticos nem sempre lhe dizem a verdade.
Mesmo que seus pensamentos automáticos aconteçam, não quer dizer que eles estejam necessariamente corretos. Seus pensamentos automáticos nem sempre dizem toda a verdade. Você não precisa acreditar em cada pensamento que passa pela sua cabeça. É importante pensar sobre seus pensamentos para saber se eles o estão ajudando ou prejudicando. Infelizmente, se você nunca desafiar seus pensamentos, vai “acreditar neles” como se eles fossem verdade.

PASSO 7

Responda às “Formigas”.
Você pode treinar seus pensamentos para que sejam positivos e esperançosos, ou pode permitir que eles sejam negativos e a perturbem. Ao aprender sobre seus pensamentos, você pode escolher pensar bons pensamentos e se sentir melhor; ou pode escolher pensar maus pensamentos e se sentir péssima. Pode aprender a mudar seu modo de sentir. Quando você apenas pensa pensamentos negativos, sem desafiá-los, como explicarei abaixo, sua mente acredita neles e seu corpo reage a eles. Quando você corrige os pensamentos negativos, você afasta o poder que eles têm sobre você.

PASSO 8

Extermine as “Formigas”.
            Pense sobre esses pensamentos negativos invadindo sua mente como formigas que o incomodam em um piquenique. Um pensamento negativo, como uma formiga em um piquenique, não é um grande problema. Dois ou três pensamentos negativos, como duas ou três formigas em um piquenique, já são irritantes. Dez ou vinte pensamentos negativos, do mesmo modo que dez ou vinte formigas em um piquenique, podem fazer você se levantar e ir embora.
            Sempre que você observar pensamentos negativos automáticos ou “Formigas”, você precisa “esmagá-los”, senão eles vão estragar seus relacionamentos, sua auto-estima e seu poder pessoal.
Uma maneira de esmagar essas “Formigas” é anotá-las e responder a elas. Por exemplo, se você se pegar pensando “Eu não vou conseguir fazer isto”, escreva isso. Depois escreva uma coisa racional, alguma coisa do tipo: “Algumas vezes poderá ser difícil, mas cada vez que eu fizer, vai ficando mais fácil e em breve estarei conseguindo.”
Quando você escreve pensamentos negativos e responde a eles, você tira o poder que eles tem e se ajuda a ficar melhor. Algumas pessoas dizem que têm dificuldade em responder aos pensamentos negativos porque sentem que estão mentindo para si mesmas. Elas acreditam que os pensamentos que passam por suas mentes são a verdade. Lembre-se: os pensamentos, às vezes mentem para você. É importante conferi-los antes de ir acreditando neles!

Aqui estão nove modos diferentes de seus pensamentos mentirem para você, fazendo as situações parecerem piores do que realmente são. Pense neles com espécies diferentes de “Formigas”. Você vai começar a tirar delas o poder que elas têm sobre você. Algumas são vermelhas, porque elas são particularmente prejudiciais. Extermine as formigas sempre que uma surgir.


Formiga 1” : Pensamento sempre/nunca. Este pensamento ocorre quando você pensa que alguma coisa que aconteceu vai “sempre” se repetir, ou que você “nunca” vai conseguir o que quer.
Palavras do tipo tudo ou nada, como sempre, nunca, ninguém todo mundo, toda vez, tudo, geralmente estão erradas. Aqui estão alguns exemplos do pensamento “sempre/nunca”:
·      Ele sempre me diminui.”
·      “Ninguém gosta de mim.”
·      “Eu nunca vou conseguir o que quero.”
·      “Todo mundo se aproveita de mim.”
·      “Toda vez que isto acontece me sinto mal.”

As “Formigas” sempre/nunca são muito comuns. Se você se pegar pensando nesses termos absoluto, pare e faça-se lembrar de exemplos que negam essa atitude de tudo-ou-nada.

Formiga 2” (formiga vermelha): Concentrando-se no negativo. Isso ocorre quando seus pensamentos refletem apenas o ruim de uma situação e ignoram qualquer parte boa. Concentrar-nos apenas no negativo das situações vai fazer com que nos sintamos mal.
Procure ativamente encontrar os aspectos positivos das situações para dar mais equilíbrio e otimismo a um mundo em que você sente tão freqüentemente como sendo negativo.

Formiga 3 ” (formiga vermelha): Previsão do futuro. Esse pensamento ocorre quando você prevê o pior resultado possível de uma situação.
Antes de sair de casa, você prevê o pior resultado possível de uma situação. Por exemplo, antes de discutir um assunto importante com sua parceira, você prevê que ela não estará interessado naquilo que você tem a dizer. Só de ter esse pensamento você já fica tenso. Isso pode ser chamado de "Previsão do Futuro" ou "Formiga Vermelha" porque, quando você prevê coisas ruins, você colabora para que elas aconteçam.
As "Formigas" da previsão do futuro realmente acabam com suas chances de sentir-se bem. Lembre-se de que, se você pudesse realmente prever o futuro, seria um bilionário da loteria agora.

"Formiga 4" (formiga vermelha): Leitura da mente. Esse pensamento ocorre quando você acredita que sabe o que as outras pessoas estão pensando, mesmo quando elas não lhe tenham dito nada.
A leitura da mente é uma causa comum de problema entre as pessoas. Você sabe que está lendo a mente quando tem pensamentos como: "Ela está brava comigo", "Ele não gosta de mim", "Eles estão falando de mim". Um olhar negativo de alguém pode não significar nada mais do que ele ou ela estar indisposto.
Você não pode ler a mente de outra pessoa. Você nunca sabe o que os outros estão realmente pensando, a menos que eles lhe digam. Mesmo em relacionamentos íntimos, você não pode ler a mente de sua parceira. Quando há coisas que você não entende, pergunte sobre elas para esclarecê-las.
Fique longe das "Formigas" que lêem a mente. Elas são infecciosas.

"Formiga 5": Pensando com suas sensações. Isso ocorre quando você acredita em suas sensações negativas, sem nem mesmo questioná-las. Você diz a si mesmo: “Eu tenho essa sensação, então deve ser assim.” As sensações são muito complexas e freqüentemente baseadas em poderosas lembranças do passado. As sensações, às vezes, mentem para você.
Mas muitas pessoas acreditam em suas sensações, mesmo que não tenham provas quanto à veracidade delas. Pensamentos de “Pensar com suas sensações” geralmente começam com as palavras "Eu tenho a sensação...". Por exemplo: "Eu tenho de que ninguém jamais confiará em mim".
Sempre que você tiver uma forte sensação negativa, confira-a. Procure as provas que existem quanto a essas sensações. Você tem razões verdadeiras para ter essas sensações? Suas sensações são baseadas em eventos ou coisas do passado? O que é verdade e o que é só uma sensação?

"Formiga 6": Torturando-se com a culpa. A culpa não é uma emoção útil. Na verdade, a culpa muitas vezes leva você a fazer coisas que não quer fazer.
Sentimentos de culpa acontecem quando você pensa com palavras como: deveria, preciso, poderia ou tenho de. Aqui estão alguns exemplos: "Eu deveria ficar mais em casa", "Eu preciso passar mais tempo com meus filhos", "Eu poderia ter me esforçado mais", "Eu tenho de arrumar minha casa”. É melhor substituir "as torturas da culpa" com frases "Eu quero fazer...", "Está de acordo com meus objetivos fazer...", Será útil eu fazer...". Assim, nos exemplos acima, seria útil mudar as : "Eu quero passar mais tempo em casa", "É melhor para meus filhos e para mim que passemos mais tempo juntos", ""Eu fiz o melhor que consegui fazer naquela situação”, "É bom que eu arrume minha casa”.
A culpa não é produtiva. Livre-se desta turbulência emocional que o impede de alcançar os objetivos que almeja.

"Formiga 7": Rotulação. Sempre que você coloca um rótulo em si ou em outra pessoa, você detém sua capacidade de ter uma visão clara da situação.
Alguns exemplos de rótulos negativos são: "tonto", "arrogante" e "irresponsável". Rótulos negativos são muito prejudiciais, porque sempre que você chama a si mesmo ou a outra pessoa de tonto ou arrogante, você generaliza essa pessoa em sua mente, igualando-a com todos os tontos ou arrogantes que já conheceu e tornando-se incapaz de lidar com ela como uma pessoa única. Mantenha distância dos rótulos negativos.

"Formiga 8": Personalização. A personalização ocorre quando você coloca em eventos inócuos um significado pessoal: "Minha esposa não falou comigo hoje de manhã. Ele deve estar bravo comigo". Ou: "Meu filho sofreu um acidente de carro. Eu devia ter ficado mais tempo com ele, ensinando-o a dirigir. Deve ser minha culpa".
Há muitas razões para o comportamento dos outros além das explicações negativas que a mente escolhe. Por exemplo: sua esposa pode não ter falado com você porque estava preocupada, aborrecida ou com pressa. Você nunca vai saber por que as pessoas fazem o que fazem. Evite personalizar o comportamento dos outros.

"Formiga 9" (a formiga vermelha mais venenosa): Culpar os outros. A culpa é muito prejudicial Quando você culpa alguma coisa ou alguém pelos problemas em sua vida, você se torna uma vítima passiva das circunstâncias e dificulta que qualquer coisa modifique sua situação.
Muitos relacionamentos são arruinados por pessoas que culpam seus parceiros quando as coisas dão errado. Elas assumem pouca responsabilidade por seus problemas. Quando alguma coisa dá errado em casa ou no trabalho, elas tentam achar alguma pessoa para culpar. Raramente admitem seus próprios problemas. É típico ouvir declarações como:
·      "Não foi minha culpa que...”,
·      “Isso não teria acontecido se você tivesse..”,
·      "Como é que eu ia saber:.. ",
·      “A culpa é sua que...".

A linha de pensamento básico no "jogo de culpa" funciona do seguinte modo: "Se você tivesse feito alguma coisa de outro modo, eu não estaria passando por este sofrimento agora. A culpa é sua e eu não sou o responsável".
Sempre que você culpa alguém pelos problemas de sua vida, você se torna impotente para mudar alguma coisa. O "jogo da culpa" prejudica seu senso pessoal de poder. Afaste-se de pensamentos que culpam os outros. Você tem de assumir a responsabilidade pessoal por seus problemas, se você quiser mudá-los.

Resumo das espécies de ''Formigas"
1. "Pensamentos "sempre/nunca”: pensar com palavras como sempre, nunca, ninguém, todo mundo, toda vez, tudo.
2. Concentrando-se no negativo: ver só o lado ruim de uma situação.
3. Previsão do futuro: prever o pior resultado possível de uma situação.
4. Leitura da mente: prever que você sabe o que os outros estão pensando, ainda que eles não tenham lhe dito.
5. Pensando com suas sensações: acreditar nas sensações negativas sem nem mesmo questioná-las.
6. Torturando-se com culpa: pensando com palavras como: deveria, preciso, poderia ou tenho de.
7. Rotulação: colocar um rótulo negativo em si mesmo ou em outra pessoa.
8. Personalização: colocar em eventos inócuos um significado pessoal.
9. Culpar os outros: culpar outra pessoa por seus próprios problemas.


MATE AS FORMIGAS/ ALIMENTE SEU COMEDOR DE FORMIGAS

Seus pensamentos realmente importam. Eles podem ou ajudar ou prejudicar sua mente. Se deixadas de lado, as "Formigas" vão causar uma infeção em todo seu sistema corporal. Sempre que perceber uma "Formiga", vai precisar esmagá-las, senão elas vão afetar seus relacionamentos, seu trabalho e toda a sua vida. Antes você precisa conscientizar-se delas. Se você as captar no momento em que elas ocorrem e corrigi-las, você tira o poder que elas têm sobre você.
Quando um pensamento negativo não é desafiado, sua mente acredita nele e seu corpo reage a ele.
As "Formigas" têm uma lógica ilógica. Trazendo-as para fora e examinando-as num nível consciente, você pode ver por si próprio como faz pouco sentido pensar esse tipo de coisas. Você retoma o controle de sua própria vida, em vez de deixar seu destino na mão de padrões de pensamentos condicionados automáticos.
Algumas vezes, as pessoas têm dificuldade de contrariar esses pensamentos extremamente desagradáveis porque sentem que tais “verdades banais" óbvias e antigas simplesmente devem ser reais. Elas acham que, se não continuarem a acreditar nestes pensamentos, estarão mentindo para si mesmas. Novamente, lembre-se de que, para saber o que é verdade e o que não é, você tem de ter consciência dos pensamentos e ter uma perspectiva inteligente em relação a eles.
A maior parte dos pensamentos negativos é automática e passa despercebida. Na verdade, você não está escolhendo como reagir à sua situação, mas está sendo escolhido por você mesmo, por seus maus hábitos cerebrais. Para descobrir o que é realmente verdade e o que não é, você precisa se questionar. Não acredite em tudo o que ouve, nem mesmo em sua própria mente.
Pergunte a si mesmo sobre sua fauna de "Formigas". A população é alta? Baixa? Está diminuindo? Ou está aumentando? Mantenha controle sobre as "Formigas" a fim de manter um ambiente saudável para sua mente.
Quando você perceber que uma "Formiga" está entrando em sua mente, treine-se a reconhecê-la e a anote. Ao escrever os pensamentos negativos automáticos ("Formigas”), responda o contrário para eles. Daí você começa a retirar o poder deles e a adquirir o controle de seus estados mentais. Mate as "Formigas", alimentando seu comedor de formigas emocional.

O exercício de "Matar as formigas/ Alimentar seu comedor de formigas" é para ser feito quando você se sente ansioso, deprimido ou esgotado.
            Aqui vão alguns exemplos de modos de matar essa “Formigas”:


“Formiga”
Espécie de “Formiga”
Mate a “Formiga”



Você nunca me ouve

Pensamento ”sempre/nunca
Eu fico frustado quando você não me ouve, mas eu sei que você já me ouviu e ouvirá de novo.



Ela não gosta de mim.
Leitura da mente
Eu não sei disso. Talvez ele esteja apenas tendo um mau dia.



Aquilo vai acontecer de novo.
Previsão de futuro
Eu não sei disso. Só porque aconteceu uma vez não significa que vai acontecer outra vez.
Eu sou burro
Rotulação
Algumas vezes faço coisas que não são muito inteligentes, mas eu sou inteligente.



É culpa sua isto estar acontecendo comigo
Culpar os outros
Eu preciso ver minha parte no problema e procurar modos de melhorar a situação

domingo, 21 de agosto de 2011

O CONVITE

Não me interessa saber
como você ganha a vida.
Quero saber o que mais deseja
e se ousa sonhar em satisfazer
os anseios do seu coração.
Não me interessa saber
a sua idade.
Quero saber se você
correria risco de parecer tolo
por amor, pelo seu sonho,
pela aventura de estar vivo.
O que eu quero saber
é se você já foi até o fundo
de sua própria tristeza,
se as traições da vida
o enriqueceram ou se você se retraiu
e se fechou, com medo de mais dor.
Quero saber
se você consegue conviver
com a dor, a minha ou a sua,
sem tentar esconde-la,
disfarça-la, remedia-la.
Quero saber se você
é capaz de conviver com a alegria,
a minha ou a sua,
de dançar com total abandono
e deixar o êxtase penetrar até a ponta
dos seus dedos...
... sem nos advertir
que sejamos cuidadosos,
que sejamos realistas,
que nos lembremos das limitações
da condição humana.
Não me interessa saber
se a história que você me conta é verdadeira.
Quero saber se é capaz
de desapontar o outro
para se manter fiel a si mesmo.
Se é capaz de suportar
uma acusação de traição
e não trair sua própria alma,
ou ser infiel e, mesmo assim,
ser digno de confiança.
Quero saber se você
consegue viver com o fracasso,
o seu e o meu,
e ainda assim pôr-se de pé
na beira do lago e gritar
para o reflexo prateado
da lua cheia:
Sim !
Não me interessa saber
onde você mora ou quanto dinheiro tem.
Quero saber se, após uma noite de tristeza e desespero, exausto e ferido até os ossos,
é capaz de fazer o que precisa ser feito
para alimentar seus filhos.
Não me interessa o que você conhece
ou como chegou até aqui.
Quero saber se vai permanecer
no centro do fogo comigo sem recuar.
Não me interessa onde, o que
ou com quem estudou.
Quero saber o que sustenta,
no seu íntimo, quando tudo mais
desmorona.
Quero saber se você é capaz de ficar só
consigo mesmo
e se nos momentos vazios
realmente gosta de sua companhia.
Ana Lúcia
(Oriah Mountain Dreamer)

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Relação entre Pais e Filhos Adolescentes – uma possibilidade de crescer juntos - por Tatiane Medeiros Cunha

Ser pai é cuidar, é orientar sobre o mundo, é proteger, é ser justo, é ter controle e apoiar, é ainda, ter a responsabilidade de ensinar aos filhos crenças e valores morais, sociais, religiosos, ensinar regras e conceitos, é cobrar limites, para que estes se tornem adultos responsáveis, autônomos, felizes e aptos a viver em sociedade.  
O adolescer é uma fase de conhecer novos e diferentes grupos, novas maneiras de viver, e de se colocar na vida, é o momento de ir para o mundo em busca da auto-afirmação, é uma busca para se firmar enquanto pessoa diferente e independente de seus pais. Assim, ser adolescente é estar pronto para crescer, é querer viver a independência, é querer colocar em pratica o que aprendeu.
Inicialmente pode-se parecer dois caminhos opostos, o caminho de ser pai, de colocar limites e proteger, e o outro, o caminho do adolescer, de ir para o mundo, de crescer, e é diante dessa falsa idéia de caminhos opostos que surgem os conflitos entre pais e filhos.
Na verdade a relação pais e filhos adolescentes é uma grande e única oportunidade de crescimento e autoconhecimento para ambos. É um caminhar junto, onde os pais têm a oportunidade de avaliar sua vida, e ainda, de apoiar e contribuir para a formação e desenvolvimento de uma nova pessoa no mundo dos adultos.
Na ânsia de ir para o mundo e de testar o que aprendeu o adolescente se depara com os limites impostos pelos pais. E nessa hora os pais precisam de firmeza para mostrar que eles, os adolescentes, já não são mais crianças, mais que ainda precisam do apoio e proteção dos pais.
A adolescência é uma fase de muitas transformações e desenvolvimento para os filhos e também para os pais.
As mudanças corporais são as mais concretas e visíveis, e essa mudança representa um verdadeiro luto, luto pela perda do corpo e das vantagens de ser criança. Ser criança representa segurança, é ter os pais sempre por perto, é ter poucas responsabilidades. E por mais que conscientemente desejamos crescer, crescer não é fácil, exige muito de todos nós enquanto pessoa, e significa abrir mão de muita coisa.
Outra mudança importante, e que influencia muito na relação pais-filhos, é a visão que os filhos têm dos pais, até então os pais eram vistos com super heróis, aqueles que tudo sabiam e tudo podiam, na fase da adolescência começa-se a perceber que os pais são pessoas normais, não podem tudo e tem limitações, cometem falhas e também podem aprender com os filhos.
Com esse novo lugar, em que os adultos são colocados, os adolescentes se sentem grandes, como detentores do poder, tudo com o objetivo de se firmar como pessoa independente, e assim começam a ter dificuldades em aceitar o outro como autoridade, como alguém que dá ordens e determina o que pode ou não pode fazer. E receber ordens torna-se um grande desafio, para os adolescentes e também para os pais.
Essa resistência em receber ordens, oposição contra as autoridades e teimosia é conhecida como “Rebeldia”, e é uma das principais características na adolescência. A principal emoção por trás da rebeldia é o medo, a insegurança. Os rebeldes são inconseqüentes, agem por irresponsabilidade, e geralmente não assumem seus atos, tudo isso provoca nos pais e nas demais pessoas de convívio a irritação. Os rebeldes são medrosos e usam a máscara da valentia, ou seja, eles vão pra vida sem nenhuma prevenção ou cuidado, não pensam nas conseqüências.
E o que fazer diante dessa “rebeldia”? Aos pais cabe a função de compreender, aceitar e orientar em relações aos medos, inseguranças, temores, outros sentimentos e emoções dessa fase, falando e orientando de uma forma positiva e evitando as criticas. São os pais também que ensinam a agir com responsabilidade e que tudo na vida tem conseqüências, é mostrar que diante de qualquer situação existe uma forma assertiva de agir e reagir.
Outra função importante dos pais diante desse modo de se comportar dos adolescentes é a colocação de limites, regras e leis. Dizer não aos filhos pode ser difícil para alguns pais, e difícil também para os filhos, mais nem tudo que os adolescentes querem ou pensam que podem é conveniente no momento, então dizer não é uma importante forma de educar e de ensinar a viver.
A comparação é outra característica comum nessa fase de exploração do mundo. O adolescente começa a se comparar com outras pessoas da mesma idade, com irmãos, amigos, outros familiares, e ainda, comparam os seus pais com os pais dos amigos e assim por diante. E como já disse, é uma comparação para a busca de uma identidade.
Essa busca por uma identidade independente leva o adolescente para mais próximo do grupo de amigos e mais longe do grupo familiar. O grupo de amigos é uma possibilidade de testar e de comparar os gostos, as maneiras de ser e de agir, as crenças, valores e conceitos aprendidos até então, e com isso, o adolescente reafirmar ou refuta algumas idéias e valores, formando assim sua personalidade e seu jeito de ser e agir diante da sociedade e do mundo dos adultos. Portanto, um certo distanciamento da família e conseqüentemente uma aproximação do grupo de amigos é uma etapa importante no desenvolvimento dos adolescentes. 
A rebeldia, a insatisfação, a confusão, a inquietude, ou a passividade, a ambivalência e outros sentimentos e emoções exaltadas e exageradas são normais e compreensíveis nessa fase de mudanças e transformações, afinal tudo que é novo nos remete a sentimentos e emoções novas e desconhecidas, mais no final tudo será aproveitado como aprendizado e crescimento pessoal. Cabe aos pais apoiar, compreender e ensinar os adolescentes a andar e dar um passo de cada vez por esse caminho de autotransformação e crescimento que é a adolescência.
Ressalto ainda, a importância dos pais de buscar o processo de descoberta, de autoconhecimento, de revisão de conceitos, de compreensão e principalmente de aceitação de si mesmo, afinal ser pai de adolescente exige grandes mudanças. E principalmente, considerando que é através do autoconhecimento que se aprende a respeitar as diferenças do outro, respeitar o filho com as diferenças que vão se estabelecendo pouco a pouco.
 Não existe receita pronta para criar filhos, mais com intenção de colaborar para um relacionamento mais próximo e afetuso entre pais e filhos adolescentes, coloco algumas dicas praticas para o dia a dia:
1.         Trate seu filho como um adolescente, e não como uma criança.
2.         Tenha momentos de conversas relaxadas, informais, alem dos sermões e broncas.
3.         Compartilhe momentos juntos.
4.         Use o elogio e a confiança para ajudá-lo com a autoconfiança.
5.         Fale de sentimentos – isso vai ensiná-los a identificar seus próprios sentimentos e também a falar sobre eles.
6.         Reconheça os sentimentos de seus filhos, e faça comentários sem criticar.
7.         Evite criticas.
8.         Deixe que as regras sociais e as conseqüências lhe ensinem a responsabilidade fora de casa.
9.         Deixe as regras da casa claras e as conseqüências por não respeitá-las.
10.     Deixe que eles participem da criação das regras e conseqüências.
11.     Respeite o mau humor do seu filho.
12.     Fale de você para seus filhos – conte historias suas, fale do seu dia, dos seus sentimentos, fale com o objetivo de que seu filho lhe conheça mais.

E para terminar cito um texto de Gibran Kahlil Gibran, do livro “O Profeta”:

Os filhos

Vossos filhos não são vossos filhos.
São filhos e filhas da ânsia da vida por si mesma.
Vem através de vós, mas não de vós.
E embora vivam convosco, a vós não pertencem.
Podeis outorgar-lhes vosso amor, mas não,vossos pensamentos; pois eles têm seus próprios pensamentos.
Podeis abrigar seus corpos, mas não suas almas; pois suas almas moram na mansão do amanhã, que vós não podeis visitar nem mesmo em sonho. Podeis esforçar-vos por ser como eles, mas não procureis fazê-los como vós.
Porque a vida não anda para trás e não se demora com os dias passados.
Vós sois o arco dos quais vossos filhos, quais setas vivas são arremessados.
O arqueiro mira o alvo na senda do infinito e vos estica com sua força, para que suas flechas se projetem rápidas e para longe.
Que vosso encurvamento na mão do arqueiro seja vossa alegria.
Pois, assim como ele ama a flecha que voa, ama também o arco, que permanece estável