domingo, 31 de julho de 2011

Facilitando as relações através do Autoconhecimento e conhecimento do outro - por Tatiane Medeiros Cunha

A habilidade de viver em grupo, de conviver e de se relacionar com as pessoas de uma forma positiva e agradável é um grande desafio para todos nós. O relacionamento no trabalho, em casa, com a família ou em qualquer grupo de amigos tem uma função importante em nossas vidas, a de nos satisfazer da necessidade básica de reconhecimento, só assim nos sentimos vivos e presentes no mundo.
Numa convivência em grupo, cada pessoa traz consigo a sua maneira de ser, agir e pensar,ou seja, a sua personalidade, e essa diversidade de maneiras de ser, agir e pensar que torna o grupo único, e repleto de oportunidades para o crescimento, o auto conhecimento e também o conhecimento do outro, mais por um outro lado, essa convivência com muitas  e diferentes pessoas apresenta alguns contratempos e desentendimentos.
A busca para um melhor desenvolvimento de todas as relações consiste num processo de autoconhecimento, auto-aceitação e conscientização de si, para assim, desenvolver possibilidades de uma percepção mais realista do outro.
A teoria da Análise Transacional com seus conceitos e fundamentos é uma das possibilidades para o autoconhecimento e conhecimento do outro, o que pode facilitar os relacionamentos e a convivência em grupo.
A Análise Transacional é uma teoria, que foi desenvolvida pelo psiquiatra americano Eric Berne, a partir de 1956, com o principal objetivo de analisar, compreender e corrigir os comportamentos humanos, possibilitando uma compreensão do porque e como as pessoas se comportam.
Considerando que cada pessoa traz para o trabalho a sua percepção, a forma de agir e de ver o mundo, e com isso vai desenvolver suas relações profissionais, utilizaremos os conceitos de Estados de Ego para entender um pouco do comportamento humano.
O Estado de Ego é um dos instrumentos da Análise Transacional e descreve três formas observáveis da função do Ego: o Pai, o Adulto e a Criança. Eles representam comportamentos visíveis que podem ser percebidos por gestos, posturas, maneiras, expressões faciais, entonações e certas palavras.
Os Estados de Ego são registros de experiências reais de eventos internos e externos, os mais significativos dos quais ocorreram durante os cinco primeiros anos de vida. É como se cada um tivesse dentro de si a mesma pequena pessoa que foi aos 3 anos de idade, e também os seus próprios pais.
O Estado de Ego Pai contem os registros feitos no cérebro de eventos externos não questionados ou impostos, percebidos por uma pessoa em seus primeiros anos de vida. Estão registradas todas as atitudes, conceitos, valores, repreensões, conselhos, regras e leis que a criança ouviu e viu de suas figuras parentais e de autoridade. Esses registros são as comunicações paternas, interpretadas não verbalmente através do tom de voz, expressão facial, caricia ou não caricia, e também, as regras verbais e regulamentos que os pais usavam com a criança.
O Estado de Ego Pai é não-perceptivo e não cognitivo, e se faz necessário em momentos que precisa controlar, educar, proteger, alimentar, moralizar, de servir de modelo, criticar, punir, entre outras. O Estado de Pai pode ser modificado com o tempo, quando o Adulto tiver habilidades e liberdade para examinar os dados deste Estado de Ego.
O Estado de Ego Adulto é como se fosse um computador, que reúne dados e informações do mundo por meio dos sentidos, processa-os de acordo com a lógica, e quando necessário faz previsões. No Adulto a pessoa se desliga temporariamente dos seus processos afetivos e demais processos interiores, para assim se fazer uma observação e predição adequada da realidade externa.
O Estado de Ego Criança é o registro dos acontecimentos internos em resposta aos acontecimentos externos, os sentimentos, ou seja, são as reações da criança ao que ela viu, ouviu e compreendeu. Quando a pessoa atua neste Estado de Ego, ela comporta-se como fazia quando criança, senta-se, fica de pé, anda e fala como se fosse uma criança, esses comportamentos infantis é acompanhado das percepções, pensamentos e sentimentos correspondentes a uma criança.
A Criança é a fonte de espontaneidade, da sexualidade, das mudanças criativas, e das emoções, alegria, tristeza, medo, raiva, amor. O Estado de Ego Criança é ideal onde se deseja criação de novas idéias, procriação, criação de novas experiências, recreação e assim por diante.
Deve-se considerar que quando a pessoa age num determinado Estado de Ego, ela se manifesta através de toda a sua conduta, com a tonalidade de voz, com gestos, com sentimentos, falas e comportamentos, mesmo sem perceber.
Para uma boa relação e comunicação com o grupo de convivência, deve-se primeiro identificar e se conscientizar de qual Estado de Ego predomina em sua maneira de ser e de agir. Isso permitirá conhecer alguns dos componentes da sua personalidade, e do porquê age assim. Quando se classifica e entende qual o Estado de Ego predominante em seus comportamentos e condutas, fica mais fácil se relacionar com as demais pessoas.


Referências Bibliográficas


CREMA, Roberto. Manual de Análise Transacional. 3ª edição. Porto Alegre: Teledata, 1977.
HARRIS, Dr. Thomas A. Eu estou OK, Você está OK. Rio de Janeiro: Editora Artenova, 1977.
JAMES, Muriel & JONGEWARD, Dorothy. Nascidos para vencer: Análise Transacional com Experiências Gestalt. 4ª edição, editora Brasiliense, 1978.
KERTÉSZ, Roberto. Análise Transacional ao Vivo. São Paulo: Summus, 1987.
MEININGER, Jut. O sucesso através da Análise Transacional. Rio de Janeiro: Editora Artenova, 1974.
STEINER, Claude. Os papéis que vivemos na vida. Rio de Janeiro: Editora Artenova, 1976.

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