A criança com
aproximadamente 1 ano e 6 meses ate 3 anos de idade está na fase que chamamos
de separação, a fase da decisão de pensar. Digo aproximadamente,
porque a idade cronológica pode ter pequenas variações de acordo com cada
criança.
As principais tarefas psicológicas
da criança pequena consistem em melhorar e desenvolver sua capacidade de falar,
aprender mais coisas a respeito de seus próprios sentimentos e dos sentimentos
dos outros, tornar-se individuo independente e, finalmente, fornecer
energia ao estado de Ego de adulto.
Após ter explorado
coisas em seu ambiente durante algum tempo, elas agora voltam cada vez mais
sua atenção para as pessoas. Durante a fase anterior, elas faziam coisas
para ver o que acontecia; mas agora, no estagio da separação, elas observam
a reação das pessoas diante delas, especialmente das pessoas com quem estão
em simbiose.
“Não”
é a fala característica que anuncia a chegada dessa fase do desenvolvimento (separação).
As crianças tornam-se cada vez mais negativistas, tomando posições contra
nossos pontos de vista, sejam eles quais forem. O principal objetivo desses “nãos”
é levar-nos, pais e cuidadores, a insistir para que comecem a pensar.
A fase negativista da
criança é irritante, cansativa e capaz de transformar os pais em pessoas
extremamente irritadas. Então, reconheça que está irritado com o comportamento
negativista da criança em vez de lançar acusações do tipo “você é quem estraga
o nosso filho” dirigidas aos parceiros.
Crianças nesse estágio
estão preocupadas com o que lhes pertencem, à medida que começa a ver a
diferença entre elas próprias e os outros. Essas crianças brincam perto uma
das outras, mais ainda não brincam com as outras crianças. O processo de
socialização está se desenvolvendo agora.
O processo de separação
é frequentemente tempestuoso, uma das emoções mais importantes experimentadas
pelos pais e pela criança é a raiva. Quando os pais dão nomes a seus próprios sentimentos,
as crianças juntam essas palavras com a linguagem do corpo. Elas precisam aprender que cada um de nós
experimentamos esses sentimentos, que cada sentimento tem nome, que é ok ter
esses sentimentos, seja eles negativos ou positivos, e que se espera que
façamos alguma coisa a respeito do que sentimos. As crianças aprendem
observando seus pais; e também aprendem com o que os pais fazem a elas.
Com essa idade, elas passam
para um nível mais sofisticado de consciência, julgamento e utilização de símbolos
(palavras e brincadeiras de faz de conta), dispõem de um melhor controle de seu
corpo e podem devotar maior quantidade de tempo ao mundo exterior. Elas já
sabem e podem tirar suas roupas sozinhas, abrir maçanetas de portas, encher e
esvaziar copos, encaixar coisas e sabem equilibrar melhor seu corpo.
A parte da estrutura da
personalidade que se está desenvolvendo nessa fase é o estado de ego adulto.
Nesse estagio, as
crianças começam a perceber que tem uma parte de trás. Tomam conhecimento de
determinadas áreas de seu corpo e dos produtos que eliminam.
E assim, é nesse
estágio que elas começam a treinar o uso do banheiro. O treino do uso do
banheiro deve ser aplicado gradualmente. É importante saber que as crianças
aprendem a prender a urina e as fezes muito antes de serem capazes de deixá-las
correr voluntariamente.
Sabe-se que as crianças
estão prontas para iniciar o treino ao uso do banheiro quando permanecem limpas
por períodos longos (dispõem de algum controle), correm, andam e sobem com
facilidade (controle das partes inferiores do corpo), demonstram percepção e
insatisfação com as fraldas sujas, demonstram que as fraldas estão sujas
andando com os pés bem abertos, e quando conseguem informar aos pais o que está
havendo (sistema de comunicação já desenvolvido).
Deve-se considerar que
o treino do uso do banheiro é parte do crescimento social e emocional da
criança, e essencial para o seu desenvolvimento psicológico.
Durante o estagio da
separação, as crianças tomam a responsabilidade de se manter limpas e secas, de
satisfazer a sua fome, de ir para a cama e de obedecer a determinadas regras básicas
de segurança.
As crianças que estão
começando a pensar por si só comportam-se com muita frequência de maneira
inteligente com os adultos com quem não estão em simbiose, mas param de pensar
de todo quando o seu companheiro de simbiose está por perto.
Podemos ter
dificuldades em nos separar de uma determinada criança. Com isso, podemos estar
transmitindo, de maneira muito sutil, a mensagem de que nosso filho é tão
inteligente/inferiorizado que não precisa começar a crescer agora.
Para resolver os
problemas de separa dessa fase entre as crianças e os pais, deve-se romper a simbiose e insistir para que
a criança pense por si própria. “Agora,
chega. Estou cansada de resolver todos os seus problemas para você. De agora em
diante, você vai encarregar-se de resolver alguns deles por conta própria. Não vou
me afastar; continuarei a cuidar de você, a protegê-lo e a ajudá-lo nos
problemas que você ainda não possa realmente resolver.” Essa garantia é
vital.
É preciso que as
crianças saibam que pode haver separação sem que haja afastamento de nossa
parte. É preciso que saibam que é ok que pensem e que de fato espera-se que
pensem.
As crianças precisam
ouvir que devem pensar, que a separação é necessária e segura, que ainda podem
ter suas necessidades satisfeitas e que não a abandonaremos.
Pais exageradamente protetores
e que continuam fazendo pelo filho mais do que deviam, interferem com a
separação natural que é apropriada a essa idade. Outro perigo é a culpa –
ficando zangados, sentindo-se culpados e deixando de exigir o suficiente da
criança.
Quando os pais se
deparam a individualidade em desenvolvimento dos filhos, reedita os próprios esforços
iniciais para pensar, experimentando mais uma vez o medo de ser independentes e
responsáveis.
Para maior êxito na
comunicação, os pais devem usar frases curtas, pois explicações detalhadas
nessa idade não são compreendidas pelas crianças.
Abaixo algumas dicas
para ajudar a ensinar seu filho a pensar.
Como
ensinar a pensar:
·
Encoraje a liberdade e o controle do
corpo.
·
Permita que as crianças expressem
sentimentos positivos e negativos.
·
Expresse seus próprios sentimentos de
maneira clara e apropriada, tanto os positivos quanto os negativos.
·
Considere os sentimentos negativos como
a indicação de um problema a ser resolvido.
·
Ensine à criança a solução de problemas
por meio de ações e de sentenças curtas.
·
Apresente exigências e instruções de
maneira clara, positiva e realística, em termos acessíveis a compreensão da
criança
·
Apresente legendas para objetos,
atividades, pessoas e sentimentos.
·
Encoraje o comportamento independente e
a capacidade de pensar.
·
Deixe a criança saber que pode
separar-se e que você estará sempre por perto, para protegê-la e acariciá-la.
·
Encoraje a comunicação verbal
respondendo ao esforço da criança em falar.
Referencia Bibliográfica
BABCOCK, D. E. & KEEPERS, T. D. Pais OK
Filhos OK. Circulo do Livro, São Paulo, 1976.
Postado por Tatiane Medeiros Cunha
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