sexta-feira, 20 de abril de 2012

O desenvolvimento psicológico da criança de aproximadamente 1 ano e 6 meses a 3 anos – a fase da separação


A criança com aproximadamente 1 ano e 6 meses ate 3 anos de idade está na fase que chamamos de separação, a fase da decisão de pensar. Digo aproximadamente, porque a idade cronológica pode ter pequenas variações de acordo com cada criança.

As principais tarefas psicológicas da criança pequena consistem em melhorar e desenvolver sua capacidade de falar, aprender mais coisas a respeito de seus próprios sentimentos e dos sentimentos dos outros, tornar-se individuo independente e, finalmente, fornecer energia ao estado de Ego de adulto.

Após ter explorado coisas em seu ambiente durante algum tempo, elas agora voltam cada vez mais sua atenção para as pessoas. Durante a fase anterior, elas faziam coisas para ver o que acontecia; mas agora, no estagio da separação, elas observam a reação das pessoas diante delas, especialmente das pessoas com quem estão em simbiose.

“Não” é a fala característica que anuncia a chegada dessa fase do desenvolvimento (separação). As crianças tornam-se cada vez mais negativistas, tomando posições contra nossos pontos de vista, sejam eles quais forem. O principal objetivo desses “nãos” é levar-nos, pais e cuidadores, a insistir para que comecem a pensar.

A fase negativista da criança é irritante, cansativa e capaz de transformar os pais em pessoas extremamente irritadas. Então, reconheça que está irritado com o comportamento negativista da criança em vez de lançar acusações do tipo “você é quem estraga o nosso filho” dirigidas aos parceiros.

Crianças nesse estágio estão preocupadas com o que lhes pertencem, à medida que começa a ver a diferença entre elas próprias e os outros. Essas crianças brincam perto uma das outras, mais ainda não brincam com as outras crianças. O processo de socialização está se desenvolvendo agora.

O processo de separação é frequentemente tempestuoso, uma das emoções mais importantes experimentadas pelos pais e pela criança é a raiva. Quando os pais dão nomes a seus próprios sentimentos, as crianças juntam essas palavras com a linguagem do corpo.  Elas precisam aprender que cada um de nós experimentamos esses sentimentos, que cada sentimento tem nome, que é ok ter esses sentimentos, seja eles negativos ou positivos, e que se espera que façamos alguma coisa a respeito do que sentimos. As crianças aprendem observando seus pais; e também aprendem com o que os pais fazem a elas.



Com essa idade, elas passam para um nível mais sofisticado de consciência, julgamento e utilização de símbolos (palavras e brincadeiras de faz de conta), dispõem de um melhor controle de seu corpo e podem devotar maior quantidade de tempo ao mundo exterior. Elas já sabem e podem tirar suas roupas sozinhas, abrir maçanetas de portas, encher e esvaziar copos, encaixar coisas e sabem equilibrar melhor seu corpo.

A parte da estrutura da personalidade que se está desenvolvendo nessa fase é o estado de ego adulto.

Nesse estagio, as crianças começam a perceber que tem uma parte de trás. Tomam conhecimento de determinadas áreas de seu corpo e dos produtos que eliminam.

E assim, é nesse estágio que elas começam a treinar o uso do banheiro. O treino do uso do banheiro deve ser aplicado gradualmente. É importante saber que as crianças aprendem a prender a urina e as fezes muito antes de serem capazes de deixá-las correr voluntariamente.

Sabe-se que as crianças estão prontas para iniciar o treino ao uso do banheiro quando permanecem limpas por períodos longos (dispõem de algum controle), correm, andam e sobem com facilidade (controle das partes inferiores do corpo), demonstram percepção e insatisfação com as fraldas sujas, demonstram que as fraldas estão sujas andando com os pés bem abertos, e quando conseguem informar aos pais o que está havendo (sistema de comunicação já desenvolvido).

Deve-se considerar que o treino do uso do banheiro é parte do crescimento social e emocional da criança, e essencial para o seu desenvolvimento psicológico.

Durante o estagio da separação, as crianças tomam a responsabilidade de se manter limpas e secas, de satisfazer a sua fome, de ir para a cama e de obedecer a determinadas regras básicas de segurança.

As crianças que estão começando a pensar por si só comportam-se com muita frequência de maneira inteligente com os adultos com quem não estão em simbiose, mas param de pensar de todo quando o seu companheiro de simbiose está por perto.

Podemos ter dificuldades em nos separar de uma determinada criança. Com isso, podemos estar transmitindo, de maneira muito sutil, a mensagem de que nosso filho é tão inteligente/inferiorizado que não precisa começar a crescer agora.



Para resolver os problemas de separa dessa fase entre as crianças e os pais,  deve-se romper a simbiose e insistir para que a criança pense por si própria. “Agora, chega. Estou cansada de resolver todos os seus problemas para você. De agora em diante, você vai encarregar-se de resolver alguns deles por conta própria. Não vou me afastar; continuarei a cuidar de você, a protegê-lo e a ajudá-lo nos problemas que você ainda não possa realmente resolver.” Essa garantia é vital.

É preciso que as crianças saibam que pode haver separação sem que haja afastamento de nossa parte. É preciso que saibam que é ok que pensem e que de fato espera-se que pensem.

As crianças precisam ouvir que devem pensar, que a separação é necessária e segura, que ainda podem ter suas necessidades satisfeitas e que não a abandonaremos.

Pais exageradamente protetores e que continuam fazendo pelo filho mais do que deviam, interferem com a separação natural que é apropriada a essa idade. Outro perigo é a culpa – ficando zangados, sentindo-se culpados e deixando de exigir o suficiente da criança.

Quando os pais se deparam a individualidade em desenvolvimento dos filhos, reedita os próprios esforços iniciais para pensar, experimentando mais uma vez o medo de ser independentes e responsáveis.

Para maior êxito na comunicação, os pais devem usar frases curtas, pois explicações detalhadas nessa idade não são compreendidas pelas crianças.

Abaixo algumas dicas para ajudar a ensinar seu filho a pensar.



Como ensinar a pensar:

·         Encoraje a liberdade e o controle do corpo.

·         Permita que as crianças expressem sentimentos positivos e negativos.

·         Expresse seus próprios sentimentos de maneira clara e apropriada, tanto os positivos quanto os negativos.

·         Considere os sentimentos negativos como a indicação de um problema a ser resolvido.

·         Ensine à criança a solução de problemas por meio de ações e de sentenças curtas.

·         Apresente exigências e instruções de maneira clara, positiva e realística, em termos acessíveis a compreensão da criança

·         Apresente legendas para objetos, atividades, pessoas e sentimentos.

·         Encoraje o comportamento independente e a capacidade de pensar.

·         Deixe a criança saber que pode separar-se e que você estará sempre por perto, para protegê-la e acariciá-la.

·         Encoraje a comunicação verbal respondendo ao esforço da criança em falar.



Referencia Bibliográfica

BABCOCK, D. E. & KEEPERS, T. D. Pais OK Filhos OK. Circulo do Livro, São Paulo, 1976.

Postado por Tatiane Medeiros Cunha

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